Os ponteiros do moinho

As velas do moinho rodam em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, como que regressando no tempo até ao passado. No fundo a sua presença atualmente é isso mesmo, um rever do passado da terra, de como as famílias obtinham os seus produtos, e a sua fonte de rendimento, uma revisão do trabalho pesado que muitos idosos, ainda presentes pelas ruas de Santiago, viveram em tenra idade. As velas do moinho rodam em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, mas o tempo não volta atrás. Os idosos continuam idosos, e as crianças continuam a crescer e tornar-se-ão adultos.O moinho continua lá, mas quem o construiu, não. O moinho continua lá, mas quem desgastou os músculos braçais para lhe fazer rodar as velas, não. O moinho continua lá, e lá irá continuar, fazendo inveja a tantos outros que hoje em dia não passam de uma ruína dominada pela vegetação. Fazendo inveja também a nós, meros humanos com a pressa constante do viver e sobreviver, enquanto o moinho está lá, sem obrigações, umas vezes parado, outras a fazer pequenas demonstrações aos turistas que por lá passam, mas sempre calmo, sempre sereno, com as suas velas ao vento, como que a apreciá-lo.