Escrita desfiltrada

24/03/2023

Nos últimos meses escrever tem sido uma missão quase tão impossível como ficar rica numa raspadinha de 1 euro.

A criatividade deu lugar ao bloqueio, que por sua vez deu lugar a um congestionamento emocional de todos os sentimentos que se foram acumulando entre ruas e ruelas. Por vezes senti que o meu estado emocional se assemelhava ao para-arranca diário do IC19 em hora de ponta, onde os pensamentos e sentimentos ficam reclusos nas estradas mentais, todas elas bloqueadas pela incapacidade de expressão.

Cheguei mesmo a duvidar das capacidades de escrita que acreditava ter, e que tanto me entusiasmavam antes, como se fosse algo que afinal nunca me tivesse pertencido e a qualidade do que escrevia fosse uma mera ilusão.

Sempre tive a crença de que só conseguia escrever bem, estando mal, mas nem nos maus momentos a escrita fluiu. O mesmo tem acontecido com a leitura. O que antes era um vício atualmente é um mero passatempo que aos poucos vai voltando a viciar, a obrigar a ler mais e mais, com sede de conhecimento e curiosidade pelo final. Só muito recentemente é que o gosto pela leitura e escrita tem voltado a tomar lugar na minha vida, ou melhor, não diria o gosto, mas a capacidade mental para o fazer. O foco nas palavras e na mensagens que as mesmas transmitem tem voltado pouco a pouco, e da mesma maneira que a leitura de obras se tem tornado mais recorrente, espero que com ela chegue a vontade de escrever e partilhar, as duas de mãos dadas como duas velhas amigas.

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