Onze meses e três dias para um quarto de século.
Textos
Os ponteiros do moinho
As velas do moinho rodam em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, como que regressando no tempo até ao passado. No fundo a sua presença atualmente é isso mesmo, um rever do passado da terra, de como as famílias obtinham os seus produtos, e a sua fonte de rendimento, uma revisão do trabalho pesado que muitos idosos, ainda presentes...
Dependência da independência
Fim da licenciatura. Fim de um ciclo e começo de outro. Não consigo decidir qual o mais cansativo mentalmente, se o estudo constante e os trabalhos sobrepostos, ou a procura diária e incansável por um emprego que faça jus àqueles três anos.
O processo de enviar currículos assemelha-se em certa parte ao processo de entrega dos trabalhos ou...
Escrita desfiltrada
Nos últimos meses escrever tem sido uma missão quase tão impossível como ficar rica numa raspadinha de 1 euro.
Ser mulher
Hoje celebra-se o dia da mulher, e por isso decidi partilhar um texto escrito há uns anos sobre os problemas que o ser mulher acarreta. Hoje é o dia em que o nosso género é felicitado e presenteado, enquanto nos restantes dias somos tratadas maioritariamente com violência e proibição de direitos. Hoje, dia da mulher, não é apenas dia...
Ao tio César
Ao tio César:
Nunca tivemos oportunidade de nos conhecer, mas foi alguém que me deixou uma grande marca, sobretudo no meu percurso da escrita.
Foi alguém do qual a história serve como um exemplo, pois mesmo sem se ter sentado numa cadeira de uma escola para aprender como muitos
outros, deixou-nos uma obra poética impressionante. Aprendeu com...
O peso das palavras
Este foi um daqueles dias em que ficar na cama teria sido a melhor opção, ou ser uma espécie de Harry Potter e ficar no quarto, sem fazer barulho nenhum e fingir a própria inexistência.
Solidão boémia
Um copo, uma garrafa de qualquer coisa que possua uma qualquer percentagem de álcool...
O copo torna-se dispensável e inútil, contrariando o caráter essencial da garrafa.
Tempestade num corpo de água
A cabeça lembra uma bomba-relógio, sem temporizador. Pode explodir a qualquer momento, qualquer hora, qualquer lugar, ninguém sabe. Funciona como a morte, só se sabe quando acontece.
A casa do avô
Ao fim de dois anos regressei à casa do avô. Não voltei a pisar o interior, mas acredito que tudo se mantivesse igual, desde o pó dos móveis até às mantas dobradas em cima da arca, agora já com os rebordos desfeitos pelos animais que deles se alimentam, e pelo tempo.
Dissabor da despedida
O padrinho já não está cá, a madrinha está sozinha, os filhos sem pai, os netos sem avô. O avô também já foi. As únicas semelhanças entre os dois são os filhos sem pai e os netos sem avô. Ninguém do mundo terrestre tem mais o privilégio da sua presença, da sua recepção calorosa, e da alegria por companhia.